quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Botafogo no coração


Momentos ruins nos já vivemos

Mas se há coisas que só acontecem com a gente

Nada se compara com esse ano

Se Didi, Garrincha e Nilton Santos já vestiram esse manto

É hora de saber

Que os jogadores vão e vem


Botafogo, nosso destino

Não escolhemos, fomos escolhidos

Um amor que ninguém cala

Um sentimento que ninguém entende

Inexplicável essa sensação

É diferente


A nossa sina

Nosso melhor amigo

Nosso imenso prazer

Nosso primeiro amor


Na estrada dos louros, há um facho de luz

E enquanto esse fogo no nosso peito existir

Enquanto nosso sangue ferver

Te apoiarei

Até a minha vida acabar


Foto: Acervo pessoal

terça-feira, 16 de novembro de 2021

O Bota já subiu...


O Botafogo que foi muito mal no Estadual e na Copa do Brasil começou a série B fora dos favoritos e vendo rivais como o Vasco e Cruzeiro à frente nos palpites de grande parte da imprensa.

Mas o que mudou nesse período para que o Botafogo embalasse de tal maneira e garantisse o acesso com antecedência? Uma das maneiras de contar essa história é através das escalações.

O Botafogo de Marcelo Chamusca que foi eliminado na Copa do Brasil no dia 14 de abril não tinha centroavante e apostou no garoto Matheus Nascimento de apenas 17 anos. A equipe que perdeu nos pênaltis  para o ABC tinha: Douglas Borges, Jonathan, Kanu, Gilvan e Rafael Carioca (Paulo Victor). Luiz Otávio (Warley), Matheus Frizzo (Cesinha), Ricardinho, Felipe Ferreira e Marco Antônio (Marcinho). Matheus Nascimento (Gabriel).

Já a equipe que venceu o Operário e garantiu o retorno à primeira divisão estava escalada assim por Enderson Moreira em 15 de novembro: Diego Loureiro, Daniel Borges (Ronald), Joel Carli, Kanu e Hugo (Carlinhos). Luís Oyama, Pedro Castro (Barreto) e Chay (Matheus Frizzo). Marco Antônio (Warley),  Diego Gonçalves e Rafael Navarro. 

Apenas dois jogadores seguiram no time: Kanu e Marco Antônio. Mesmo assim, o último não era titular absoluto com Enderson, apesar de sua importância.

No início da temporada, o alvinegro apostou em Marcelo Chamusca, que chegou com a fama de "rei do acesso", o único treinador que tinha subido com seus clubes em todas as divisões do futebol brasileiro.  A contratação na época foi elogiada, embora o último trabalho do treinador no Fortaleza não tivesse sido bom (uma vitória em nove jogos).

No Botafogo, Chamusca pôde indicar jogadores de sua confiança para o time. O alvinegro acertou com Rafael Carioca, Ricardinho, Marcinho e Felipe Ferreira a pedido do treinador. No final da temporada, Rafael Carioca já tinha sido mandado embora, Marcinho emprestado, Felipe Ferreira estava encostado e Ricardinho nem sempre era relacionado nas partidas.

Além das escolhas erradas, o Botafogo não ia bem em campo. Chegou a estar em 14º lugar na série B. Depois de muita pressão, a diretoria optou pela saída do treinador sem ter um plano B. Enquanto sondava outros treinadores e recebia vários "nãos", Ricardo Rezende assumia a equipe à beira do gramado, mas sem convicção nenhuma  dos dirigentes alvinegros.

Como o trabalho do treinador do sub-20 não ia bem, o Botafogo resolveu ir ao mercado em busca de um treinador com mais experiência. E chegou a um nome de consenso: Lisca. O treinador recusou o alvinegro, que não desistiu e tentou uma nova investida, igualando a contraproposta pedida pelo técnico. Mas aí o clube foi surpreendido: Lisca preferiu assinar com o Vasco, que tinha demitido o técnico Marcelo Cabo.

E "se há coisas que só acontecem com o Botafogo", há histórias curiosas que precisam ser contadas também. Sem Lisca, o Botafogo acertou com Enderson Moreira sob uma chuva de críticas. O técnico mineiro já no primeiro jogo foi expulso, apesar da vitória contra o Confiança. Mas embalou uma série de vitórias, o Botafogo chegou ao G-4, se consolidou entre o pelotão da frente e assumiu a liderança da competição. O alvinegro passou a ter a melhor campanha do segundo turno, o melhor ataque e a melhor defesa.

Já a história de Lisca no Vasco...

Mas até voltar à primeira divisão, Enderson Moreira tomou uma série de atitudes, a maior parte delas acertadas. A mais acertada delas na minha opinião foi dar novas oportunidades a Joel Carli, que não tinha atuado uma partida sequer com Chamusca. Com sua experiência e liderança, Carli foi um dos grandes nomes do acesso.


A diretoria do Botafogo também teve méritos. Quando percebeu que o planejamento não estava dando certo, soube mudar a rota. Trouxe o Chay, jogador experiente destaque da Portuguesa no Carioca, mas que nunca tinha jogado em uma grande equipe no futebol profissional. Os dirigentes também perceberam a importância de se ter um setor de análise de desempenho. Mas sem ter tempo de estruturar de maneira adequada esse setor, apostou numa parceria com a Footure, que indicou a contratação de três jogadores do Mirassol: Daniel Borges, Luís Oyama e Diego Gonçalves. Todos terminaram o campeonato como titulares pelo Botafogo.

Nas redes sociais, a comparação com os outros gigantes brasileiros que  também disputavam a série B também era inevitável. Surgiu até uma rixa entre alguns alvinegros e vascaínos. O planejamento cruzmaltino para a volta à série A apostava em jogadores mais experientes, "com nome". Dentro dessa filosofia, o diretor de futebol Alexandre Pássaro trouxe o goleiro Vanderlei, o lateral  Zeca, Ernando, Rômulo, Michel, Marquinhos Gabriel, Morato e cia. Todos com passagens em grandes clubes brasileiros.

Já o Botafogo apostou em nomes desconhecidos. Sem Gatito, lesionado há mais de um ano, talvez o jogador "mais famoso" do elenco era Rafael Moura, que nunca foi sequer titular. 

Independente de ser  um "time limitadíssimo" ou de quantas fotos cada jogador tira no Barra Shopping (memes que viralizam nas redes sociais), os desconhecidos do Botafogo tinham vontade de vencer e, para muitos, era a maior chance da carreira ainda que não tivessem a qualidade técnica desejável.

Em uma série B disputada como essa e cheia de grandes clubes brasileiros, a imposição física e a competividade fazem a diferença. E o Botafogo soube jogar assim. Vencendo em casa (o melhor mandante da competição) e empatando fora (mesmo quando a torcida pedia um pouco mais de coragem), a equipe de Enderson chegou à pontuação mágica para subir (e com antecedência).

Sim, o Botafogo precisa planejar a próxima temporada, renovar com jogadores importantes, ir ao mercado. Mas como diz a grande madrinha botafoguense Beth Carvalho "deixa eu festejar que eu mereço".

Fotos: Vitor Silva/BFR

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Crônica sobre uma fada brasileira


Todas as crianças crescem - menos uma. E bem cedo elas ficam sabendo que vão crescer.

Mas enquanto isso, algumas apenas sonham. E se divertem.

Rayssa Leal já tinha conquistado o Brasil e a internet antes mesmo do skate estrear nas Olimpíadas.

Mas para chegar chegar lá, às vezes precisa-se de alguma ajuda.

Tem gente que usa o pó de pirlimpimim.

"Pense em uma coisa tão boa que em um instante você voa."

Rayssa Leal acreditou que era possível e sonhou. Ou melhor, voou. De Imperatriz do Maranhão para Tóquio. Já era fadinha quando bateu as asas.

Aos 13 anos, ela parecia estar em um parque de diversões. Ou a Terra do Nunca. 

Nunca o Brasil teve uma medalhista tão jovem.

Nunca, nunca, nunca...

Quando se é fada, tudo é possível. E a história termina sempre com um final feliz. 

Rayssa Leal, medalha de prata no skate street.

A fadinha que voou. Voou nas manobras, se transportou até a casa de milhares de brasileiros acordados até de madrugada. 

Tudo por conta de uma criança. Alegre, inocente e de coração leve.

Imagem: Bem Curtis/AP



domingo, 7 de fevereiro de 2021

Crônica de um rebaixamento anunciado



O Botafogo é metáfora. Da vida. Porque ela tem é feita de altos e baixos. Muitos mais fossa do que planície e planaltos. Qual a graça de vencer sempre? Qual a graça da vida perfeita do instagram? Eu prefiro valorizar as poucas vitórias.

O Botafogo é um retrato do Brasil. “O comitê de gestão”. Anos de má gestão, brigas políticas. Falta de profissionalismo, interesses próprios.

O Botafogo é hipérbole. “Nunca vi um time tão ruim. O pior técnico. A pior campanha de um campeão. 25 contratações”.

O Botafogo é exceção. “Há coisas que só acontecem com o Botafogo”: o técnico estrangeiro contratado que nunca assumiu. Substituído às pressas por um que também ficou doente.

O Botafogo é paradoxo. “Cansei desse time, não vejo mais”. Dois dias depois: “Quanto foi o jogo das meninas?”

O Botafogo é tempo verbal. “Esse pênalti não existiria há dois anos e não existirão daqui a um”.

O Botafogo é casamento desfeito. Honda e Kalou. 

O Botafogo é Pato Donald. O reclamão, o injustiçado. “Põe na conta do árbitro. Não foi nada.”

O Botafogo é superstição. “A gente perdeu porque jogou de branco. Onde já se viu um meião dessa cor?”

O Botafogo é conformismo. “Já sei que vai perder mais uma. Que vai ser rebaixado. Nem vai doer tanto assim”. Nenhum jogador chorou após a queda. 

O Botafogo é o facho de luz. No fundo do túnel escuro, a esperança surge. Em um garoto de 16 anos.

O Botafogo é orgulho. Um dia após a queda, um mar de camisas pretas e brancas na rua.

O que é aguentar menos de um ano para quem esperou mais de 21?

“Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”

Imagem: André Durão/ge

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Do que é feito um ídolo (no futebol)?




Eu poderia começar esse texto com uma citação do dicionário e a pergunta estaria respondida. Mas nem sempre o Aurélio traz a melhor das definições e muito menos as debate. Sem falar, que soaria bastante piegas.

O mote desse texto veio após a publicação nas últimas quatro segundas-feiras da lista dos 30 maiores ídolos de cada um dos quatro grandes clubes cariocas elaborada pelo jornal O Globo. Os primeiros colocados são justos e previsíveis (Zico no Flamengo, Castilho no Fluminense, Roberto Dinamite no Vasco e Garrincha no Botafogo). Talvez a maior “polêmica” esteja entre Garrincha e Nilton Santos no topo da lista alvinegra. Mas o objetivo aqui não é analisar a colocação de cada um nem cornetar a solução (criativa) do jornal para a ausência de pautas esportivas durante a pandemia. Listas são naturalmente polêmicas e sempre rendem discussões. A minha ideia é tentar entender o que faz um jogador ser considerado um ídolo de um clube.

Acho que quem define quem é ídolo é o torcedor. Só aquele que ama uma instituição, que sofre por ela, xinga e vibra na arquibancada pode ter a resposta. Por mais que um especialista no assunto possa querer colocar na manchete “O ídolo fulano...” só quem ama aquele clube pode dizer se ele tem razão ou não.

Conquistar títulos importantes pode ser um dos requisitos para se alcançar a idolatria no esporte. Mas não é algo obrigatório. Ou você vai tirar essa condição de Mendonça e Heleno de Freitas no Botafogo? (Aqui peço licença ao leitor pois como disse, o coração me faz opinar sobre o clube da estrela solitária ). E também há o exemplo inverso: aos 33 anos, Egídio tem três campeonatos brasileiros, três Copas do Brasil, oito estaduais e uma Copa do Nordeste e desconfio de que não seja ídolo nem no Flamengo, Cruzeiro ou Palmeiras.

Muitas vezes associamos o conceito de ídolo como o de craque, mas essa comparação também não é correta ao meu ver. O talento de Seedorf dentro de campo é incontestável, mas para muitos botafoguenses, ele não é ídolo do clube (embora esteja na lista do Globo). Duas vezes eleito melhor jogador do mundo pelo Barcelona, Ronaldinho Gaúcho não entra na lista de ídolos do Flamengo.

O distanciamento histórico também pode pesar. Como saber o real tamanho de um jogador jovem e que está no auge da carreira como Gabigol? A conquista do Brasileiro e da Libertadores já garantiu ao artilheiro o posto de quinto lugar no ranking do Fla, mas será possível ele subir mais? A renovação de contrato até 2024 indica que sim, mas isso depende de como serão os próximos anos, como o jogador vai conduzir sua carreira. Ele pode tentar voltar à Europa e deixar os torcedores rubro-negros com um gostinho de quero mais, como brigar com o clube por alguma razão menor e perder o posto no coração de alguns torcedores.

O tempo de casa também conta. Gum “Guerreiro” é um zagueiro com qualidade que pode ser contestada, mas sua dedicação em nove anos de Fluminense entre fugas de rebaixamento e títulos brasileiros marcou os tricolores (ele é 15 ° colocado na lista do Flu). Terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Botafogo (atrás apenas de Nilton Santos e Garrincha), Jefferson não conquistou um título nacional de expressão pelo Botafogo, mas não abandonou o time na pior: colocou em risco sua titularidade na Seleção Brasileira para disputar uma série B com o time que aprendeu a amar (10° na lista). Fábio, multicampeão pelo Cruzeiro, também aceitou ficar no clube na segunda divisão e ajudar na reconstrução do clube.

Então, voltamos à pergunta do título. Não sei se é porque sou jornalista e gosto de bons enredos, mas para mim um ídolo é feito de boas histórias. O talento ajuda, os títulos e a identificação também, mas sobretudo uma boa trama. E ela não precisa contar apenas a parte boa da vida, pois sabemos que os melhores filmes não são feitos só de bons momentos. Há tristeza, agonia antes da superação, dos atos heroicos.  No caminho da idolatria, as melhores histórias passam por jejum, rivalidade e sofrimento. O coração pela razão.

Imagens: Bruno Baketa/AGIF.





segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Antologia 2019


Ler sempre foi uma das minhas grandes paixões. Mas de uns anos para cá, parecia que eu e os livros tínhamos dando um tempo na relação. Não é que eu não continuasse lendo, sempre olho o jornal impresso e me informo principalmente pelas mídias digitais. Mas abrir um livro era algo que eu não fazia com a mesma frequência de antes. Não tinha nenhuma desculpa convincente para o fato, mas foi em setembro que eu despertei: por que não voltar ao velho hábito? Comecei a me dar conta das horas em que eu perdia em frente ao computador vendo as redes sociais, assistindo a um programa qualquer na TV e o tempo gasto no deslocamento até o trabalho. Todos esses momentos podiam ser melhor aproveitados se eu estivesse fazendo algo mais produtivo como ler por exemplo. Busquei então um livro que pudesse despertar em mim o gosto pela literatura novamente. Apostei em uma tema de meu interesse para não ter erro. Como sempre li muito rápido, logo tive que comprar outro. Em um segundo momento apostei em um autor que admirava e comprei várias obras. 

Ao todo, li 19 livros desde setembro. Não gostei de todos, é claro. Mas percebi que conforme ia lendo, meu gosto ia se aperfeiçoando. Sabia exatamente o que me interessava e o que era melhor deixar de lado. Romances históricos e ficções baseadas em fatos reais dominam a minha lista de favoritos. E quando eu me surpreendia positivamente pela obra de um autor, sempre acabava comprando outro livro dele.

Ao longo dessas quase duas dezenas de livros em 2019, percebi que além do tema, eu também me interessava pelas diferentes formas de narrativa. Lá atrás, na época do colégio, a professora ensinava as dicas e os macetes para fazer uma boa redação. "Uma história tem que ter começo, meio e fim". "Nada de misturar os tempos verbais,  as pessoas da fala". Ficávamos engessados a um modelo padrão. Até entendo. Éramos muito jovens e precisávamos aprender a escrever direito. Mas os limites não há limites para a literatura. Uma boa história pode ser contada de várias formas. Em "Pátria" (de Fernando Aramburu), por exemplo, a voz do personagem se mistura ao do próprio narrador em um mesmo parágrafo. Por falar em dar voz, a vencedora do Nobel de 2015, Svetlana Alexijevitch, entrevistou por mais de dez anos diferentes vítimas do acidente nuclear de Tchernóbil. O resultado é um livro, quase uma reportagem, com depoimentos impactantes.

Mas ler também pode ser uma forma de aprender. E esse era um dos meus grandes objetivos: aprender algo com cada livro. Em "O homem que amava os cachorros", Leonardo Padura reconstrói os últimos anos da vida de Leon Trótski e a trajetória de Ramón Mercader, seu assassino, em uma obra que ensina mais do que muita aula de história por aí. O também cubano Armando Lucas Correa mistura ficção e realidade para contar a história do transatlântico Saint Louis que embarcou com quase mil refugiados judeus que fugiam da Alemanha nazista. Destaque também para as narrativas envolventes de autores brasileiros contemporâneos como Paulo Stucchi e Luize Valente ou a consagrada Rachel de Queiroz em "Memorial de Maria Moura". Escrito quando tinha 82 anos, seu último romance gira em torno de três eixos que acabam se entrelaçando. Um deles conta a história de uma personagem marcante, a cangaceira nordestina que dá nome à obra.

A seguir, os livros que li em 2019. Se quiser, compartilhe algo que gostou também. 

A intérprete (Annete Hess)
A garota alemã (Armando Lucas Correa)
A filha esquecida (Armando Lucas Correa)
A volta para casa (Bernard Schlink)
A pátria (Fernando Aramburu)
O tatuador de Auschwitz (Heather Morris)
O menino do alto da montanha (John Boyne)
Tormento (John Boyne)
Fique onde está e então corra (John Boyne)
A rede de Alice (Kate Quinn)
O homem que amava os cachorros (Leonardo Padura)
A morte de Ivan Ilítch (Liev Tolstói)
Uma praça em Antuérpia (Luize Valente)
O segredo do oratório (Luize Valente)
Sonata em Auschwitz (Luize Valente)
A filha do Reich (Paulo Stucchi)
Memorial de Maria Moura (Rachel de Queiroz)
Vozes de Tchernóbil (Svetlana Alexijevitch)
Um lugar para todos (Thity Umrigar)

Imagem: Jevgeni Salihhov

domingo, 25 de novembro de 2018

#ObrigadoJeff


Nesses 458 jogos em que você se vestiu as nossas cores, nós já tivemos muitas casas: Caio Martins, Arena da Ilha, Maracanã e Nilton Santos. Mas durante esses últimos 10 anos (quase 13 no total), apesar dos endereços distintos, você sempre esteve com o Botafogo.

Durante uma partida, sobre a linha do gol, na mais ingrata das posições do futebol, não sei se é possível escutar o que a torcida canta. Mas imagino que você conheça alguns desses cânticos.

Botafogo, meu destino. Sua estrela e o seu brilho, me chamaram, me atraíram...
Você não foi formado no Botafogo. Começou na base do Cruzeiro e veio para o Botafogo em 2003, um dos anos mais difíceis da história do clube. Era o reserva de Max quando disputamos a série B pela primeira vez.

Momentos ruins eu já vivi...
Depois de uma passagem pelo futebol turco, você voltou ao Brasil em 2009 sem acertar com nenhum clube. Teve que treinar por conta própria até surgir uma nova chance no Botafogo, mas recebendo um salário de juniores para um contrato curto.

Botafogo, os seus ídolos são tantos...
E você entrou de vez para essa extensa galeria de ídolos ao parar Adriano em 2010 e garantir, junto ao Loco Abreu, o título carioca de 2010. Mais do que uma conquista, o Botafogo acabou com a sequência de três títulos seguidos do Flamengo sobre nós. Não à toa, tem um pedacinho do muro dos ídolos em General Severiano com o seu rosto.


Honrando as cores do Brasil de nossa gente...
Convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira principal em 2010, você parou Messi, Benzema e cia. Foi campeão da Copa das Confederações em 2013 e levou ao pódio a nossa bandeira. No ano seguinte, disputou a Copa do Mundo de 2014 como reserva, consolidando ainda mais o Botafogo como o clube que mais cedeu jogadores para a Seleção em Copas do Mundo.

Esse é o Botafogo que eu gosto...
Você foi o capitão de um dos melhores times do Botafogo dessa década, que conquistou por antecipação o título carioca de 2013 e que voltou a disputar uma Libertadores após 18 anos.

Não te abandona na pior...
Rebaixado pela segunda vez em 2014 para a série B do Campeonato Brasileiro, você optou por seguir no Botafogo mesmo diante dos salários atrasados, das propostas para mudar de clube e da chance de não ser mais convocado para a Seleção Brasileira, onde era titular. E conseguiu devolver o Botafogo para a elite do futebol brasileiro como campeão da série B de 2015.

Tanto tempo esperando esse momento...
Em 2016, você sofreu uma ruptura do tendão do tríceps e precisou passar por uma cirurgia. A intervenção foi malsucedida e você precisou operar novamente o local, ficando 14 meses sem jogar. Voltou em grande estilo contra o Atlético-MG no Campeonato Brasileiro de 2017 pegando um pênalti de Rafael Moura.

Domingo eu vou ao Maracanã...
O seu último título da carreira, o Carioca de 2018, foi em um dos mais estádios mais emblemáticos do mundo. Mas em uma condição na qual você não está acostumado: a reserva. Uma sensação diferente certamente. Mas você nunca reclamou disso, pois entendia a boa fase de Gatito Fernández. Aquela comemoração com o goleiro paraguaio depois da conquista é muito significativa e mostra sua grandeza e simplicidade.


Vou te apoiar até o final...
E o fim de sua carreira chega nessa segunda-feira, 26 de novembro de 2018. Com muitas homenagens a quem vestiu e honrou nossa camisa por tanto tempo (o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Botafogo em todos os tempos). Pela última vez, você vai ouvir o estádio gritar o seu nome. Mas somos nós que temos que agradecer.

Imagens: Twitter do Botafogo e Vitor Silva/SS Press/Botafogo