quinta-feira, 28 de julho de 2011

Celeste

      Encravado no meio das duas maiores potências sul-americanas, lá está ele. Com pouco mais de 3 milhões de habitantes, a República Oriental do Uruguai ainda busca seu espaço no cenário econômico internacional. Mas no futebol, a Celeste tem lugar garantido na galeria dos grandes campeões mundiais.


       Embora seja um país pequeno e pouco populoso, o Uruguai consegue fazer história no futebol. São dois títulos da Copa do Mundo, 15 Copas Américas e 2 Olimpíadas- título que o Brasil, com seus mais de 190 milhões de habitantes, ainda não tem.
      Na primeira Copa do Mundo (1930), realizada no próprio país, o Uruguai já se consolidava como potência  ao conquistar o título de campeão mundial. Antes, havia obtido o bicampeonato olímpico na modalidade (24 e 28), o que lhe garantira a alcunha de Celeste Olímpica.
      O Uruguai, no entanto, só seria campeão mundial novamente com o fim da guerra. Dessa vez, para tristeza brasileira. Em uma das derrotas mais marcantes de todos os tempos, o Brasil -em pleno Maracanã lotado- sairia na frente do placar. Mas permitiria a reação celeste. Gighia era o nome do carrasco. Há quem diga que foi o maior silêncio da história. A vitória e o consequente título brasileiro eram dados como certos. Maracanazzo.


      Os clubes uruguaios também eram fortes. Os dois principais- Peñarol e Nacional- somam, juntos, 8 taças Libertadores. A seleção uruguaia também é recordista de conquistas da Copa América, com 15 títulos.
       Contudo, houve um período de entressafra no futebol uruguaio. Muitos acreditavam, inclusive, que a Celeste havia perdido seu encanto.O Uruguai não se classificou para as Copas de 94, 98 e 2006. Em 2002, foi eliminado ainda na primeira fase. Os clubes do país também estavam em crise. Sem dinheiro e sem títulos expressivos, perdiam destaque no cenário sul-americano para outros, como o Boca Juniors, da Argentina.
      Era preciso resgatar então a mística da camisa celeste. O trabalho era árduo. Para tal missão, a AUF (Associação Uruguaia de Futebol) escolheu o ex-jogador Oscar Tabárez  para iniciar um novo projeto.  O objetivo era que Tabárez, além de ser o treinador da equipe principal, fizesse também um trabalho de renovação no futebol local e de resgate e reconhecimento aos antigos ídolos.


    O projeto deu certo. Seus primeiros frutos puderam ser vistos na Copa de 2010, quando após 40 anos, o país voltava à disputa de 3° lugar em um mundial. Comandados por Diego Forlán e "Luizito" Suárez, o país ficou em 4°. A mesma dupla também foi protagonista na conquista do título da Copa América. Nesse tempo, o país conseguiu voltar a final de uma Libertadores -com o Peñarol- e se tornou vice-campeão mundial sub-17.
     É verdade que a atual geração uruguaia tem uma elevada média de idade. Em contrapartida, jovens garotos também vêm surgindo, como é o caso do zagueiro Sebastian Coates, eleito a revelação da  Copa América 2011.

      O Uruguai teria tudo para ser odiado pelos brasileiros, principalmente após a derrota de 50. Todavia, não é o que acontece. Muitos  jogadores uruguaios jogam em nosso país, como é o caso de Loco Abreu, Victorino, Morro Garcia. Outros tantos passaram recentemente por aqui, como Lugano. Esses jogadores costumam ser muito queridos em seus clubes e têm um grande vínculo com a torcida.
      Assim, houve uma aproximação entre Brasil e Uruguai. Claro que essa aproximação não apaga a derrota de 50, mas que tal olharmos com mais carinho para os nossos vizinhos?

      PS: Seja bem-vinda de volta a galeria dos campeões, Celeste!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Futebol feminino

         No último domingo (17/7), enquanto milhares de brasileiros acompanhavam o jogo pela quartas-de-final da Copa América, Brasil x Paraguai, acontecia em paralelo a final da Copa do Mundo de futebol feminino, entre EUA x Japão. Muitos até desconheciam esse segundo evento, tendo em vista que a seleção brasileira já havia sido eliminada. Os poucos que sabiam e acompanhavam estavam, em sua maioria, interessados em ver a goleira estadunidense Hope Solo, que chamava a atenção por sua beleza.


         A seleção brasileira já havia sido eliminada da competição pelas próprias norte-americanas. Para muitos especialistas, tratava-se de um péssimo resultado, sobretudo pelo fato de que nossa seleção vencia até o último minuto. Os EUA empataram e acabaram vencendo nos pênaltis.
        Confesso que não fiquei nem um pouco decepcionada pelo resultado. Pelo contrário. Os EUA eram os favoritos pela sua tradição na modalidade e pelo histórico recente entre as duas seleções. Acho que, na verdade, o Brasil foi até longe demais. Não há em nosso país uma única política de incentivo ao futebol feminino, mesmo com bons resultados recentes. Bem diferente dos Estados Unidos, onde os jogos das mulheres atraem grande público e a liga do país é uma das mais fortes.


        Desde a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de 2004 sob o comando do técnico Renê Simões, a CBF promete uma política de incentivo ao nosso futebol. Todavia, quase nada foi feito. Apenas uma tentativa de se organizar um campeonato nos moldes da Copa do Brasil. Não vingou.
        É verdade que temos um histórico de boas jogadoras: Sissi, Formiga, Kátia Cilene, Cristiane e Marta. Essa última, inclusive, foi eleita a melhor do mundo nos últimos 5 anos, desbancando outras estrelas como a americana Mia Hamm e a alemã Prinz. Contudo, essas brasileiras se destacam mais por qualidade individual do que por qualquer apoio que recebam. Ou seja, jogam tão bem que mesmo com toda a falta de investimento e infraestrutura no esporte conseguem se destacar.


       Para entender melhor todas as dificuldades que essas meninas enfrentam não precisa ir muito longe. Em uma breve análise de nossa sociedade, percebemos  o quanto essa é machista. Se uma menina pede para participar de um jogo com garotos, é vista com desconfiança. Muitos nem aceitam sua participação. Outros, quando aceitam, fazem questão de ignorá-las em campo: não tocam a bola para as mulheres.
       A feminilidade da muitas mulheres que jogam futebol também é colocada em xeque. Afinal, para muitos, "futebol é coisa de homem e lugar de mulher é na cozinha". Um bom exemplo é que até bem pouco tempo atrás nossas jogadoras não tinham uniformes femininos para jogar, restando as largas camisas masculinas para o uso.

      O preconceito não está só dentro do campo, mas também fora dele. Pense bem: quantas mulheres são comentaristas de futebol? O nome mais fácil de lembrar é o da jornalista Soninha. Outros nomes se resumem apenas a apresentadoras, que -na maioria das vezes- estão no meio só pela sua beleza e não por conhecimento. Mulher no futebol para muitos é sinônimo de maria-chuteira.
      Há ainda quem defenda a diminuição do gol no futebol feminino para facilitar as goleiras. Particularmente, sou contra a medida. Acho que nossas goleiras ainda não estão no mesmo nível técnico das demais jogadoras. Mas não é diminuindo o gol que o problema se resolve. Deve haver uma preparação especial para as goleiras para que essas se desenvolvam, assim como ocorre no futebol masculino.


      Felizmente, o preconceito vem diminuindo com o tempo, mas ainda contamina nossos campos. Quantas Martas estaremos perdendo por falta de incentivo e preconceito?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Livros e férias

Aproveitando que a maior parte das pessoas já está de férias, resolvi fazer uma nova lista com sugestões de leitura para o período, semelhante ao que esse blog fez  no início do ano. Espero que vocês gostem das dicas.



Esportes

. 11 gols de placa- Uma seleção de grandes reportagens sobre o nosso futebol, de Fernando Molica (organização):


Um dos livros da série de jornalismo esportivo, esse número mostra que o futebol vai muito além das resenhas esportivas e dos bate-papos entre torcedores. Também é possível fazer grandes reportagens investigativas no esporte.

 . Futebol ao sol e à sombra, de Eduardo Galeano:


Tema de um post antigo nosso, o livro revela todo o fascínio que o futebol exerce no escritor uruguaio e nas multidões. É, sem dúvida, um dos textos mais belos e bem escritos sobre o assunto.



. Manual do jornalismo esportivo, de Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel: 


Um livro simples, de fácil leitura que ensina como deve agir o verdadeiro jornalista esportivo. Além de dicas, traz depoimentos de grandes jornalistas que viveram situações curiosas no início de carreira


. Gigantes do futebol brasileiro, de João Máximo e Marcos de Castro:


Quarenta e seis anos depois, o livro é relançado, agora em nova edição. 21 jogadores foram escolhidos para terem suas histórias contadas e suas devidas caricaturas feitas por Ique.



Comunicação/Jornalismo


. 10 reportagens que abalaram a ditadura, de Fernando Molica (organização):


Outro livro da série sobre jornalismo investigativo, esse volume reúne as melhores reportagens de um dos mais conturbados anos de nossa história. Nenhum tema escapa ao livro: violações aos direitos humanos, torturas, fome. Tudo é publicado. Sem censura.

. Dossiê Gabeira-O filme que nunca foi feito, de Geneton Moraes Neto:


Um dos maiores jornalistas brasileiros entrevista Fernando Gabeira. O resultado desse encontro é um ótimo livro, em que Gabeira conta detalhes do sequestro ao embaixador americano, de seus anos de militância e de sua vida política.


Ficção

. O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós:


Romance que traz como pano de fundo Portugal e o comportamento do clero na época. Por muito tempo, foi proibida sua leitura no Brasil e em Portugal.

. Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre:


Polêmicas à parte, o livro de estreia do então apresentador virou até best-seller e ganhou o Prêmio Jabuti de melhor romance de 2010. 

. Madame Bovary, de Gustave Flaubert:


Um dos romances mais famosos e polêmicos da história. Seu enredo aborda, dentre outros temas, o adultério, além de fazer críticas pesadas a burguesia e ao clero.



. A mão e a luva, de Machado de Assis:


Livro do período romântico de Machado de Assis (que ficaria internacionalmente famoso com sua fase realista), conta a história de uma moça simples que desperta o interesse de três homens e se vê diante de um dilema. 

. Esaú e Jacó, de Machado de Assis:


Penúltimo livro do autor, que viria a falecer quatro anos depois, a obra resgata algumas marcas "machadianas", como a melancolia e o lirismo. Há quem defenda que esse é o  romance de mais difícil compreensão e interpretação de Machado de Assis.

. O resto é silêncio, de Erico Verissimo:


O enredo se dá a partir do suicídio de uma moça. A partir disso, o autor constrói uma narrativa que analisa o comportamento humano e o perfil de uma época, sempre ao estilo Verissimo de escrever.




Então, leitores, vocês conhecem esses livros? O que vocês estão lendo nas férias? Compartilhe conosco!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Conversão

De repente, era muito estranho voltar àquele apartamento tão vazio. Não sabia bem como agir e o que fazer. Parecia que não pertencia mais àquele lugar. Os vizinhos tinham mudado, os porteiros também. Não conhecia mais ninguém.


Até a paisagem que via de sua janela tinha mudado. Se antes observava, ainda que de longe, as pessoas passeando pelo calçadão, as babás levando as crianças para brincar na parque mais perto, agora só via o cinza. Concreto. Os novos prédios construídos tapavam sua outrora visão privilegiada.

"Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia"

Agora tinha que tirar as coisas das caixas de mudança e guardar também suas roupas no velho armário de madeira, em parte já atacado pelos cupins.


Engraçado. Aquele armário ficava tão cheio de roupas quando ele era garoto. Sempre desarrumadas, empilhadas na gaveta, é verdade. Hoje, o armário parecia uma imensidão para as poucas mais de cinco camisas sociais e calças. Tinha trazido apenas o essencial, o que julgava realmente importante.

"Eu não encho mais a casa de alegria"

O armário ficava no seu antigo quarto. Aquele mesmo quarto que foi palco de tantas recordações. Ambiente que presenciou inúmeros abraços, aonde o pai recém-chegado de um dia exaustivo no trabalho vinha abraçar seu pupilo, cheio de saudade.


"Os anos se passaram enquanto eu dormia"

Quarto em que ele passava grande parte de seu tempo na adolescência. Fosse vendo televisão ou, principalmente, dormindo. Como controlar aquele sono juvenil tão intenso? E aquela insônia na hora de se deitar? Permanecia um bom tempo deitado na cama, esperando o sono vir.


"E quem eu queria bem me esquecia"

Era no seu quarto também que se trancafiava quando estava triste e chorava. Não tinha coragem de mostrar seus sentimentos frente aos outros. Ainda mais quando chorava após mais uma briga com a namorada dos tempos de colégio.

"Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém me dizia?
Eu não vou me adaptar"

Mas tinha que parar com aquelas lembranças nostálgicas. Agora já estava com seus 30 anos e tinha o seu próprio negócio. Estava recém-separado e tinha uma filha pequena, que estava sob os cuidados da antiga esposa.

Era difícil conviver com aquele turbilhão de informações que passavam em sua cabeça. A paixão por uma garota, o casamento, viagens, o nascimento da filha, as crises de ciúme, os desentendimentos e, por fim, a separação.



"Eu não tenho mais a cara que eu tinha 
No espelho essa cara já não é minha
E quando me toquei achei tão estranho
A minha barba estava desde tamanho"


Todavia, não podia se abater ainda mais. Estava acabado, era verdade. Mas precisava se recuperar e tentar começar uma nova vida. Ainda que fosse naquele frio e antigo apartamento.



Para recuperar as energias, decidiu tomar um bom banho. Como de costume, ligou o rádio enquanto fazia  a barba, antes de entrar no chuveiro.

No rádio, uma música de sua adolescência tocava.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

6° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Essa semana resolvi escrever sobre um congresso o qual tive a oportunidade de participar em São Paulo. Meu primeiro congresso na área de Comunicação. 


Esse post não pretende ser uma diário sobre minha viagem, mas sim uma fonte de consulta e leitura para quem se interessar pelo assunto, ainda que não seja estudante da área.  

Se alguém quiser maiores informações, detalhes e minhas anotações sobre as palestras, basta entrar em contato.
Local: Universidade Anhembi-Morumbi campus Vila Olímpia, São Paulo
Data: 30/6 a 2/7 de 2011



Investigação de cadeias produtivas- a experiência da Repórter Brasil

Palestrante: Leandro Sakamoto (Repórter Brasil)
. Sakamoto: Jornalista e doutor em Ciência Política. Ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP. Coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.

Para Sakamoto, a origem desse tipo de jornalismo  está em investigar as empresas, sejam elas do setor privado ou não. Nesse último caso, o tempo gasto para apurar tudo é bem maior, diante das dificuldades que são impostas. O próprio consumidor também pode fazer sua parte pressionando as empresas a serem mais transparentes.

Para seu estudo, foram rastreadas mais de 600  fazendas, revelando casos de trabalho escravo e crimes ambientais em várias redes de sucesso, como as lojas Marisa.  

Outras preocupações da Repórter Brasil são as áreas griladas, o arco de desmatamento da Amazônia, a contaminação por agrotóxicos... Vale lembrar que apesar de serem questões mais ligadas à área ambiental, elas também são indicadores de qualidade de vida.

Apesar de todo o trabalho da Repórter Brasil em desvendar esses crime in loco  checando as informações, percebe-se que o brasileiro não deixa de comprar um produto por um problema ambiental de seu produtor. Isso só facilita que práticas como essas continuem ocorrendo...


Medidas de proteção para jornalistas- parte 2

Palestrantes: Marcelo Moreira (TV Globo/Abraji), João Paulo Charleuax (Última Instância) e Rodney Pinder (INSI)
Moreira: Editor-chefe do RJTV segunda-edição, telejornal local da TV Globo no Rio de Janeiro. Vice-presidente da Abraji.

. Charleux: Coordenador pedagógico dos cursos de informação sobre jornalismo em situações de conflito armado e outras situações de violência. Colunista quinzenal no website jurídico Última Instância.

Nessa segunda parte do curso foi ressaltada a importância do jornalista, fotógrafo e sua equipe estarem preparados para atuar em áreas de conflito.

Para que o conflito possa ser coberto sem maiores incidentes, é fundamental que a equipe de reportagem tenha realizado cursos específicos na área, incluindo até palestras sobre primeiros socorros. O uso de equipamentos de segurança, como colete à prova de balas e capacete também é importante. 

Infelizmente, para que essas medidas de proteção fossem tomadas e cobradas com mais rigor foi necessário que o jornalista Tim Lopes morresse em morro carioca.  Antes, o jornalista era visto como super-herói e achava que bastava mostrar seu crachá de trabalho que estaria seguro. Nas últimas décadas, o mundo ficou mais perigoso para os jornalistas, logo eles devem estar mais bem-preparados e saber como agir em situações de risco.

Nessa lógica, o INSPI (International News Safety Institute) tem realizado importantes trabalhos para evitar a morte de jornalistas. Entre os cursos ministrados e as lições, o Instituto procura criar uma cultura de segurança, ensinando que "uma vida não vale uma matéria". 

O jornalista e a assessoria de imprensa

Palestrantes: Andrew Greenlees (CDN), Mário Rosa (MR Consultoria)
Moderador: Márcio Chaer (Consultor Jurídico)

. Greenlees: Vice-presidente da CDN e atua na supervisão e no planejamento estratégico das contas de consultoria de comunicação da empresa. Diretor de assuntos institucionais da Abracom.

. Rosa: Consultor de comunicação. Autor de três livros: "A Era do Escândalo", "A Reputação da Velocidade do Pensamento" e "A Síndrome de Aquiles - Como lidar com as crises de imagem".

. Chaer: Jornalista e diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico e da empresa de assessoria de imprensa Original 1.2.3 . 

Os palestrantes preferem o nome "relacionamento com a mídia" ao invés de "assessoria de imprensa".  Segundo eles, o trabalho de uma agência de comunicação vai além da imprensa, atuando também na comunicação interna dos funcionários.

O mercado atual busca funcionários com visão estratégica de comunicação integrada. Algumas das características que se buscam são a capacidade da imprensa em admitir seus próprios erros e a dos jornalistas em ouvirem opiniões contrárias a sua.

Em algumas empresas, há ainda a mentalidade de que a comunicação é um custo e essa costuma a ser a primeira a ser cortada para contenção de despesas.  Contudo, nos últimos anos isso vem mudando diante do crescimento das novas mídias e da importância do bom relacionamento entre os mais diversos setores.


Play the Game: em busca da ética no esporte

Palestrantes: Juca Kfouri (CBN/ ESPN/  Folha), Jens Sejer Andersen (Play the Game).
Moderador: André Luís Azevedo (TV Globo)

. Kfouri: Atualmente está na ESPN-Brasil. Apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio.

. Andersen: Diretor do Play the Game, uma organização internacional que objetiva promover democracia, transparência e liberdade de expressão nos esportes.

Em tempos em que os escândalos de corrupção são constantes e autoridades permanecem por décadas em seus cargos, a mesa procurava debater sobre a questão da ética no esporte.

Andersen trouxe exemplos de escândalos de presidentes de federações esportivas internacionais que se aproveitam das regalias de seus cargos para cometer falcatruas. Em âmbito nacional, Kfouri também demonstrou grande preocupação com os gastos públicos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Embora no início o projeto estabelecesse que essa seria "a Copa da iniciativa privada", sabe- se que todos os investimentos estão partindo do próprio BNDES e não há hoje condições para que o Brasil organize eventos dessa magnitude.


Esso 2010: Nos passos de Jean e Arthur tem um problema

Palestrantes: Thiago Herdy (O Globo/ Abraji) e João Moreira Salles (revista Piauí)

. Herdy: Correspondente do jornal "O Globo" em Belo Horizonte. É conselheiro fiscal da Abraji.

. Salles: Documentarista e cineasta, é fundador da revista Piauí. 

Moreira Salles destacou o pouco espaço dado pela imprensa para grandes reportagens, que exigem uma apuração e prazos maiores. A frente da revista piauí, ele tem procurado mudar esse cenário. O próprio Salles discutiu e entrou em detalhes sobre sua reportagem "Arthur tem um problema", que lhe garantiu um prêmio Esso. O passo-a-passo da matéria foi esmiuçado e pode-se conhecer melhor o garoto em questão, bem como seu local de trabalho, o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). 

Herdy contou as dificuldades que passou em Londres reconstruindo os passos de Jean Charlie de Menezes para uma reportagem especial sobre os cinco anos da morte do brasileiro. O jornalista chegou a trabalhar como motoboy e até comprar uma carteira falsa para a reportagem.

Investigação em TV: câmera escondida e outros métodos

Palestrante: Eduardo Faustini (TV Globo)
Moderador: Tyndaro Menezes (TV Globo)

. Faustini: Há 16 anos na TV Globo, como produtor e repórter investigativo do programa Fantástico, onde denunciou maus tratos nos asilos para idosos.

. Menezes: Produtor e repórter investigativo. Está na Rede Globo desde 1992. 

O repórter Faustini, que não mostra seu rosto na TV, ministrou uma palestra sobre detalhes de como se fazer uma reportagem investigativa a partir do uso da câmera escondida, esteja essa presente nos mais inusitados lugares.

Faustini também exibiu e comentou sua recente reportagem para o Fantástico, na qual percorreu os principais aeroportos do país com a réplica de um fuzil na mala e não foi parado em nenhum local. Chegou, inclusive, a entrar com a réplica dentro da bagagem de mão do avião e a exibiu em pleno voo.