quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Bravo!

Hora de colocar a maquiagem. Pó no rosto, roupas coloridas, peruca e, por fim, o toque especial: o nariz. Estripulia repete esse processo há anos.

Antes mesmo de atuar como palhaço, já trabalhava no circo. Tradição de família, começou aprendendo malabarismo e depois foi se aperfeiçoando e ocupando outras funções.


Desde pequeno, junto com seus pais, nunca morou por muito tempo em uma cidade. Viajava por todo o Brasil com o espetáculo. Era um nômade por opção. Adorava ver a alegria com que as crianças do interior recepcionavam o circo. Bastava começar a montar a lona que gente de toda parte vinha perguntar quando seria a próxima atração.

Em dias de espetáculo, a arena ficava lotada. Era diversão garantida para o público e para quem trabalhava ali. Crianças, seus pais e familiares davam um colorido ainda mais especial àquele universo.

Contudo, os anos se passaram. Seus pais faleceram e ele ficou responsável pela administração daquele circo. Se empenhava ao máximo na tarefa. Mas a verdade é que as coisas haviam mudado: quase não havia mais shows para fazer e os poucos espetáculos marcados ficavam vazios.

O circo como forma de diversão fora perdendo espaço para televisões e os computadores. A violência também influenciou: já não se podia andar mais normalmente à noite por ruas desertas. As crianças ficavam, então, dentro de casa, enclausuradas.


Estripulia sentia muito essas mudanças. Ainda mais ele, que viveu a "época de ouro" do circo. Mas, mesmo assim, ele não desistia . Continuava administrando seu negócio.  Mesmo com poucos e esvaziados espetáculos, ele ainda se encantava. Um breve sorriso de uma criança bastava para que ele continuasse firme na luta. A luta para levar alegria e diversão, ainda que passageiras, para os mais jovens.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Top 10- Letras da Legião Urbana

Essa é uma lista diferente. Não pretende eleger as 10 melhores músicas da Legião Urbana, até porque enquanto fã seria quase impossível escolher apenas 10. Esse Top 10 tenta escolher as mais belas letras da banda, tarefa essa também muito difícil. Renato Russo é, certamente, um dos melhores compositores de sua geração, senão o melhor. Suas composições transitam desde críticas políticas até grandes declarações de amor.

Essa iniciativa do Top 10 também se encaixa perfeitamente na proposta do blog de contribuir para a disseminação da literatura em nosso país. E se, lamentavelmente, muitos não gostam deler, a música tem um público maior. Assim, juntamos os dois: música e literatura.

Top 10 (ordem alfabética e com as letras para acompanhar)

 Daniel na cova dos leões
Grande metáfora essa letra. Já foi, inclusive, interpretada pelo nosso blog




 Faroeste Caboclo
168 versos diferentes contam a história de um migrante brasileiro




Geração coca-cola
A revolta adolescente contra o excesso de americanismo


Há tempos
A frustração de um jovem diante do mundo em que vive


"Índios"
A visão dos índios também tem sua vez


 Pais e filhos
Verdadeira declaração de amor aos nossos pais


 Perfeição
Ironia com os problemas brasileiros


 Que país é este?
Música da década de 70 que permanece atual


 Tempo perdido
Um olhar sobre a temporalidade


 Vento no litoral
A dor da perda de um companheiro


Desde já, reconheço que ótimas composições ficaram de fora dessa minha lista pessoal, casos de Por enquanto, Será, Metal contra as nuvens, Monte Castelo, Eduardo e Mônica... Se você achar que ficou faltando alguma música também, cornete nos comentários!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nostalgia

Veja se você se identifica. Aproveite para relembrar sua infância conosco.


Autorama. Futebol de botão. Dedobol. Stop. Jogo da Velha. Queimado. Elástico. Amarelinha. Pique-esconde. Cama de gato. Pera, uva, maçã ou salada mista. Tamagotchi. Marco Polo. Banco Imobiliário. Jogo da Vida. Show do Milhão. Super trunfo.Onde está Wally? Resta 1. Bate-bate. Imagem e ação. War. Gameboy. Adoleta. Totó. Cama elástica. Animador de festas.


 Cruj. Chiquititas. Rebelde. O diário de Daniela. Pokémon. Digimon. Sakura Card Captors. Scooby-Doo. Hamtaro. Ursinhos carinhosos. Doug Fanny. Kenan e Kel. Cocoricó. Power Rangers. Teletubbies. As princesas. Castelo Rá-Tim-Bum. Capitão Planeta. O fantástico mundo de Bob. Du, Dudu e Edu. Popeye. Pica Pau. As meninas superpoderosas. O laboratório de Dexter. Cavaleiros do Zodíacos. Garfield. Barbie. Mario Bros. Sítio do Pica-pau Amarelo. Turma da Mônica. Simpsons. Snoopy. Bob Esponja. Pooh. Rugrats. As tartarugas ninjas. Bananas de Pijamas. A vaca e o frango. Johnny Bravo. Chaves. Piu-piu e Frajola. Tom e Jerry. Nickelodeon. Cartoon Network.


Tênis de rodinha. Maria chiquinha. Maiô. Bóia. Touca. Prancha. Pulseira de borracha. Tazos. Gibis. Magic. Fliperama. Lan house. Tatuagem de Henna. Tererê. Melissa.


Backstreet Boys. Sandy e Júnior. Spice Girls. Xuxa. Angélica. Eliana. É o Tchan. Anna Júlia. Hanson.


Titanic. Space Jam. Harry Potter. Toy Story. Shrek. Procurando Nemo. Vida de inseto. Rei Leão. Pocahontas. Peter Pan. Os incríveis. Wall E. Kung Fu Panda. Era do Gelo. Madagascar. Carros. Up. Mostros S.A. Happy Feet. Pequena Sereia. Hércules. A viagem de Chihiro. A dama e o vagabundo.


Caçulinhas do Guaraná Antárticta. Polly. Minicraques. Skate de dedo. Lancheira. Mola.


ICQ. Blog. Flog. Msn. Orkut. Carmen Sandiego. Elifoot. Sonic. Mario. Minilaptop. Fita cassete. Walkman. Discman.


Fruit-tella. Bala de maçã verde. 7 Belo. Pirulito de coração. Bala juquinha. Bis. Bolo de chocolate. Push Pop. Toddynho. Fandangos. Trakinas. Jujuba. Kinder ovo. Miojo. Sucrilhos. Nescau. Pipoca. Algodão doce. Picolé. Batata Frita. Hamburguer. Brigadeiro. Coxinha. Cachorro quente. Bolinho Ana Maria. Tortuguita.

Palavras soltas também podem fazer sentido. Não precisamos sempre de frases. Ainda mais para quem viveu esse período.

Feliz dia das crianças!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reclusão

Já faz uma semana que ele não sai de casa direito. Suas saídas se resumem a ir ao mercadinho da esquina comprar algum mantimento ou ao banco pagar as despesas. Fora isso, é quase impossível vê-lo na rua atualmente.

Alguns amigos e familiares até tentaram tirá-lo de casa. Convites para festas, jantares e cinemas não faltaram. Ele agradeceu e recusou educadamente todas as ofertas.



Tem até evitado ver televisão e atender ao telefone. Precisa de concentração total. Está em vias de terminar seu primeiro romance. O sonho de escrever seu primeiro livro está cada vez mais próximo. Mas ele ainda precisa rever certos trechos e "lapidar" outros, como ele mesmo gosta de falar. Nesse processo, qualquer descuido pode ser fatal e comprometer a qualidade do trabalho. Por isso, essa exclusão voluntária.

À medida que o prazo final se aproxima, mais ansioso ele fica. Por vezes, sente um mal-estar. Já tomou alguns remédios para ver se a indisposição passava. Tentativa frustrada.

Sobre o escritor, pouco se sabe. Só os amigos mais próximos e familiares tem contato com ele. A maioria de seus ex-colegas de faculdade nunca ouviu falar. Quando alguém consegue ter uma vaga lembrança, não associa o nome à pessoa.

Contudo, ele já se acostumou com essa vida. Prefere a privacidade de sua casa a superexposição de lá fora. Não tem  muito ânimo para sair. Não gosta de ficar até tarde na rua. Difícil é explicar isso para seus conhecidos: são tão comunicativos e  ele sempre com aquele ar desconfiado, sobrancelha levantada e fechado. Quem não o conhece direito pode achar à primeira vista que é antipático. Não é verdade. É apenas o seu jeito quieto e monossilábico.


Quem já conhece seu trabalho por meio das crônicas que publica nos jornais da região quer saber mais sobre ele. Sua vida, seus gostos e interesses. Mas ele não gosta de falar muito, nem dá entrevistas sobre o assunto. Não gosta de expor sua intimidade, ainda que isso possa soar estranho em uma era como essa. Quer ser reconhecido, na verdade, pelo seu trabalho.

Os editores reclamam que essa postura pode atrapalhar as vendas do livro. Querem que ele seja mais solto, fale mais de sua vida e promova o livro. Mas para o escritor o que precisa ser falado, já foi dito. Provavelmente, nem todos perceberam isso. Sim, porque quando ele cria um conto, uma crônica ou o que quer que seja, parte de sua vida está escrita naquelas linhas, ainda que implicitamente. Os personagens e as histórias podem ser fictícias, mas sua forma de ver o mundo e suas experiências também estão presentes na narrativa. Só que misturadas em meio à imaginação, a doses de dramas, ironia...

Pena que nem todos enxerguem essa sua intimidade.