quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sobe, balão!

Na praça do bairro ele está sempre presente. Discreto, sua presença, no entanto, sempre chama a atenção das crianças. Qualquer jovem que passe por ali acaba desviando o olhar para ele. Ou melhor, para os balões.


Há balões de todas as cores e modelos: azul, vermelho, com desenho... Seu estoque é grande: sempre que o produto está acabando, ele logo trata de providenciar mais. Afinal, ele não pode ver uma criança triste sem o balão que tanto queria.

Ele nem sempre trabalhou com balões e naquela praça. Já esteve em parque de diversões, shoppings, etc. Mas em nenhum lugar foi tão feliz quanto ali, ao lado das crianças e de seus pais.

Cada balão que vende é como se fosse uma nova história contada. Uma história de simplicidade, como o balão, feito por linha e bexiga de borracha. Uma história de sucesso e queda: a alegria de uma jovem quando se vê diante do brinquedo e sua tristeza quando esse estoura ou voa. Uma história de nosso tempo: corrido, instantâneo e descartável. Após um deslumbre inicial logo esquecemos o balão em um canto, murchando. Ou abrimos mão mesmo desse, deixando-o voar porque "estamos cansados de ficar segurando".


Mas nada disso afeta o vendedor. Ele ainda se emociona com o fascínio que um mero balão desperta nas pessoas. E mesmo quando esse voa, o sorriso do vendedor permanece. Ele acredita que alguém lá em cima guarda-os, como uma espécie de lembrança da Terra. E que, no final das contas, os adultos e crianças lá em cima também estão se divertindo com o colorido dos balões.

Um comentário:

  1. "Oh, to live on Sugar Mountain
    With the barkers and the colored balloons,
    You can't be twenty on Sugar Mountain
    Though you're thinking that
    You're leaving there too soon,
    You're leaving there too soon."

    Neil Young

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