segunda-feira, 26 de março de 2012

Quadrilha revisitada

O Barroco que deu lugar ao Arcadismo que deu lugar ao Romantismo que deu lugar ao Realismo que deu lugar ao Naturalismo que deu lugar ao Parnasianismo que deu lugar ao Modernismo.

O Modernismo que não gosta do Parnasianismo que não gosta do Naturalismo que é confundido com o Realismo que não gosta do Romantismo que não gosta do Arcadismo que não gosta do Barroco.

O Modernismo que gosta do Naturalismo que gosta do Romantismo que gosta do Barroco que não gosta do Arcadismo que gosta do Realismo que gosta do Parnasianismo.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Nota

Como nossos seguidores e amigos nas redes sociais já devem ter percebido, o blog está passando por uma nova fase. De uns tempos para cá, escrever semanalmente tem sido um desafio. Tenho conseguido abastecer o blog, mas sempre em cima da hora, sem tempo de nem revisar direito.

Resolvi então tomar uma decisão: não escreverei mais semanalmente aqui.  Contudo, isso não significa que vou parar por completo. Pelo contrário. Só não quero assumir a responsabilidade de escrever sempre.  Aumentarei a distância entre um post e outro.

Prefiro investir na qualidade dos textos e não na quantidade. Assim, terei mais tempo para ter boas ideias e trabalhá-las. O próximo texto, por exemplo, demandou uma certa pesquisa e paciência.

Para quem tiver interesse em acompanhar as notícias do blog, recomendo o nosso twitter (@letrasrelicario) ou nossa página no facebook (https://www.facebook.com/pages/Blog-Letras-e-Relic%C3%A1rio/310507488982471?__adt=2).

A todos os meus leitores, meu muito obrigado. Continuo contando com o apoio de vocês.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Coringa

No baralho, o coringa é aquela carta especial, que muda de valor conforme o jogo e a jogada. Ou seja, é dissimulada, pretende ser algo que não é. É enigmática, não se conhece sua verdadeira essência, nem o que pretende representar.

A nossa sociedade também sofre influências do coringa. Se nos vemos diante de uma situação complicada, por vezes, lançamos mão de algumas estratégias, cartas. Se temos uma festa, por exemplo, e não sabemos qual traje  vestir, lançamos o coringa: o "pretinho básico". Com ele, assumimos uma posição mais confortável, diminuindo nossa chance de erro. Admitimos que tentamos buscar uma solução, uma roupa diferente talvez, mas no fim recorremos ao comum.

Isso também ocorre com as palavras. Mesmo o mais célebre dos poetas também tem seus momentos de falta de inspiração. O texto não flui, as palavras não se encaixam... O que fazer então? Recorremos a uma palavra-coringa.  São inúmeros seus exemplos. Talvez o mais conhecido seja com a palavra "coisa". Chega a ser irracional. Quando não sabemos descrever ao certo algo- e algo também é uma palavra coringa- usamos "coisa". "Qual o nome daquela coisa mesmo?"

Não só palavras podem ser coringas, mas frases também. O que significa dizer "que precisamos mudar tudo" e que "estamos averiguando o problema"? Significa que não se sabe o que deve ser feito e, na prática, nada ocorrerá. Mais uma vez, enganamos o oponente usando esse artifício.


Até na informática o termo é utilizado. No caso, costuma-se usar o asterisco (*) para representar outro carácter.

Carácter, caráter... Acho que descobri outro coringa.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres

Hoje é o dia internacional da mulher. Como forma de homenagem, fiz um pequeno texto sobre a evolução do papel na mulher nos últimos tempos. No entanto, nesse texto, as personagens são conhecidas.


Em Atenas, as mulheres viviam e sofriam por seus maridos que iam para a guerra. Ficavam sós e, por vezes, descobriam amantes.  As mulheres "não tinham gosto ou vontade. Nem defeito nem qualidade.Tinham medo apenas."

Amélia viveu nos anos 40. Não era apenas uma invenção de Ataulfo Alves e Mário Lago. Amélia era mulher de verdade: lavava, passava e cozinhava. Passava fome e o pouco que ganhava seu marido usava para beber. As feministas não têm saudades de Amélia.

Ana Terra é uma personagem da trilogia "O tempo e o vento". Teve uma vida difícil na estância quando jovem. Viu o pai de seu filho ser morto por seu próprio pai. Passava a vida costurando junto com a mãe.  Com a morte dos parentes, foi corajosa ao defender sua antiga casa e optar, depois, por ir morar num novo povoado. Ficou famosa pela sua tesoura de podar que cortava o cordão umbilical dos recém-nascidos.

No século XIX a situação começou a mudar. As sufragetes queimaram seus sutiãs em praça pública. Queriam chamar a atenção para seus direitos, como o voto.

De lá para cá,  muita coisa aconteceu. As mulheres conseguiram  grandes façanhas. Contudo, ainda não têm os mesmo direitos que os homens: recebem menos para desempenhar a mesma função e são minoria  significativa no poder. Cumprem ainda uma dupla jornada de trabalho: são donas de casa e labutam.


Todavia, as mulheres continuam desempenhando papéis importantes nas artes. Músicas, filmes e livros levam o nome delas. Um reconhecimento mais que merecido.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Demasiadamente humano

Na última quinta-feira (dia  23 de fevereiro), Botafogo e Fluminense se enfrentaram pela semifinal da Taça Guanabara, decidindo quem faria a final da competição com o Vasco, já classificado. Terminados os noventa minutos  e o empate confirmado, a decisão foi para os pênaltis. E é aí que começa minha história...


Não escondo de ninguém minha admiração pelo Loco Abreu, assunto esse que inspirou o texto "13". Era ele o escolhido para a última cobrança, que poderia ser (e foi) decisiva. Do outro lado, Diego Cavalieri, o mesmo goleiro que no estadual passado defendera uma "cavadinha". Desta vez, Loco preferiu não usar sua marca registrada. Bateu fraco e no canto. Bateu mal e a bola terminou nas mãos do goleiro tricolor. Resultado: o Botafogo estava eliminado da competição.

Talvez só o verdadeiro torcedor alvinegro entenda o que quero dizer. E desde já peço desculpas àqueles que não são e continuam lendo esse texto. Sim, porque aquele dia foi marcante para mim.  Descobri que nossos ídolos também falham e estão muito longe daquela imagem mítica de super-heróis, imbatíveis, que estão acima do bem e do mal. É como descobrir que Papai Noel e coelhinho da Páscoa não existem mais. Algo tão óbvio para qualquer criança, mas marcante.

De repente, me vi sem saber como proceder. O que faço com todos os meus objetos? Camisas personalizadas, boneco, pôster e figurinha autografada? Jogo tudo para escanteio? Justo eu que tantas vezes exibi com orgulho a camisa celeste alvinegra pelas ruas, com direito até a faixa no cabelo. Eu que perguntava em outro países da América Latina pelo jogador. Eu que fiz com que todos os meus colegas, até os que não ligam para futebol, soubessem que era o Loco Abreu, de tanto comentar.

Naquela noite, demorei a dormir e digerir a situação. Optei por passar longe das coberturas esportivas nos dias seguintes. É uma das medidas que adoto quando fico chateada com o futebol. Prefiro não pensar na situação, fingir que não existiu.


Depois, bem mais tarde, pensei em escrever sobre o assunto. Escrever alivia as dores e angústias. Quando se escreve, ficamos mais leves, nos transformamos. Chega até a ser engraçado. E foi pensando nesse texto que me toquei da insignificância daquele pênalti perdido. "Futebolisticamente" falando, ídolos de grandes torcidas, como Marcelinho Carioca, Zico e Edmundo também já falharam nas cobranças na marca da cal. E nem por isso deixaram de ser queridos. Sim, porque todos nós erramos. Seja na vida ou em um mero jogo. E ao errar, o jogador de futebol, o artista, o ídolo,  o trabalhador, o pai, o filho,  mostram que são humanos. Demasiadamente humanos.