quinta-feira, 15 de março de 2012

Coringa

No baralho, o coringa é aquela carta especial, que muda de valor conforme o jogo e a jogada. Ou seja, é dissimulada, pretende ser algo que não é. É enigmática, não se conhece sua verdadeira essência, nem o que pretende representar.

A nossa sociedade também sofre influências do coringa. Se nos vemos diante de uma situação complicada, por vezes, lançamos mão de algumas estratégias, cartas. Se temos uma festa, por exemplo, e não sabemos qual traje  vestir, lançamos o coringa: o "pretinho básico". Com ele, assumimos uma posição mais confortável, diminuindo nossa chance de erro. Admitimos que tentamos buscar uma solução, uma roupa diferente talvez, mas no fim recorremos ao comum.

Isso também ocorre com as palavras. Mesmo o mais célebre dos poetas também tem seus momentos de falta de inspiração. O texto não flui, as palavras não se encaixam... O que fazer então? Recorremos a uma palavra-coringa.  São inúmeros seus exemplos. Talvez o mais conhecido seja com a palavra "coisa". Chega a ser irracional. Quando não sabemos descrever ao certo algo- e algo também é uma palavra coringa- usamos "coisa". "Qual o nome daquela coisa mesmo?"

Não só palavras podem ser coringas, mas frases também. O que significa dizer "que precisamos mudar tudo" e que "estamos averiguando o problema"? Significa que não se sabe o que deve ser feito e, na prática, nada ocorrerá. Mais uma vez, enganamos o oponente usando esse artifício.


Até na informática o termo é utilizado. No caso, costuma-se usar o asterisco (*) para representar outro carácter.

Carácter, caráter... Acho que descobri outro coringa.

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