sexta-feira, 25 de maio de 2012

Crônica do cotidiano


Um dos assuntos que mais despertam o meu interesse diz respeito à amizade. Até já publiquei um texto sobre isso aqui. (“Sobre estrelas e cometas”). Às vezes me pego distraída, pensando naquele amigo que nunca mais vi, do colega de classe que não tenho mais notícias... Fico relembrando os bons tempos, as risadas e as conversas. Tento me lembrar do rosto e de seus detalhes, que parecem se apagar à medida que o tempo passa.
De vez em quando, encontro algumas dessas pessoas na rua. Identifico imediatamente de quem se trata e fixo meu olhar nela, à espera de um reconhecimento. Em quase todas as vezes, sou ignorada. Sempre surgem, então, aquelas dúvidas: Será que ela não me viu? Ou será que ela simplesmente não quis falar comigo? Com a minha timidez, acabo não chamando a pessoa e deixo a oportunidade passar...
Outro dia isso aconteceu de novo. Só que dessa vez, o resultado foi diferente. Eu estava voltando do curso de ônibus quando em frente ao meu antigo colégio fizeram sinal para que o veículo parasse. Eu logo reconheci o rosto e fixei meu olhar. Todas aquelas perguntas me vieram novamente à mente. Para a minha surpresa, um cumprimento. Era a chave que nós precisávamos para durante cinco minutos relembrarmos nossos bons momentos, há 5 anos.
O grande tempo sem nos vermos deixa marcas: não sabemos onde e nem o quê o outro está estudando. O outro ainda lembra de você de aparelho nos dentes. Definitivamente, mudamos todos. Em tão pouco tempo, nossas vidas deram um salto: nos formamos no colégio, fizemos vestibular, estudamos numa universidade e estamos trabalhando. Acho que nenhuma de nós duas poderia prever esse destino lá atrás.
Uma pena que toda a curiosidade não possa ser saciada durante 5 minutos. Temos até que escolher cuidadosamente o que perguntar, para não desperdiçarmos tempo com respostas evasivas.
Já é hora de saltar do ônibus. Ganhei o dia com um simples “como foi bom ver você”. Igualmente.