quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Despedida do 13

Desde semana passada, o Botafogo tomou alta. Não que o clube estivesse doente, mas um dos principais jogadores do clube -Loco Abreu - transferiu-se para o Nacional, do Uruguai. A transferência é definitiva, o camisa 13 pretende encerrar sua carreira jogando no seu clube de coração. Embora o Botafogo ainda tivesse contrato com o jogador, ele foi liberado pois era considerado "velho" pelo técnico da equipe Oswaldo de Oliveira. A divergência com o treinador foi um dos dos fatores que impulsionaram a saída de Abreu. O uruguaio não aceitava ficar no banco, pois sabia que precisava estar em atividade para continuar sendo convocado e alimentar o sonho de disputar a Copa 2014.

Como Loco ainda tinha contrato com o alvinegro e houve uma rescisão, o Botafogo terá que pagar ainda 1,8 milhão para o atleta.


A saída tumultuada e pelas portas do fundo não combina com a passagem vitoriosa que Loco Abreu conquistou no clube.

O uruguaio chegou com festa em 2010 e recebeu uma camisa especial de Zagallo. Mas seu nome era ainda uma aposta. O jogador já tinha atuado no Brasil pelo Grêmio, numa passagem sem brilho. Para piorar, no jogo de sua estreia Abreu ficou em campo por apenas 45 minutos e viu o Botafogo ser humilhado pelo Vasco por 6 a 0.

A redenção estaria por vir. No mesmo campeonato, a equipe se recuperou e derrotou o  Vasco na final da Taça Guanabara. Na decisão da Taça Rio, desta vez contra o Flamengo, a estrela de Loco Abreu brilhou novamente. Ignorando todo o histórico recente de vices (três em sequência para o Fla no estadual), Loco bateu na bola e entrou para a história. O gol seria fundamental para a conquista do título e do resgaste do orgulho alvinegro.

Mas engana-se quem acha que o único mérito do uruguaio foi esse. Desde cedo, Abreu mostrou-se um jogador carismático e inteligente. Sem papas na língua, falava o que pensava. Era um sucesso também de marketing, rapidamente toda uma linha de produtos com seu nome foi lançada.

Mesmo competindo pelo Uruguai, Loco não se esqueceu do clube carioca. Sabendo que milhares de botafoguenses torceram na Copa e na Copa América para a Celeste Olímpica, Loco estampou o escudo do Glorioso em sua "segunda pele" e ainda carregou a bandeira na premiação.


Sempre marcando em clássicos e em partidas decisivas, Loco virou ídolo e ganhou uma homenagem até no muro da sede de General Severiano.

Mas o ano de 2012 veio e o uruguaio foi perdendo espaço. Várias lesões e uma série de pênaltis perdidos fez com que o jogador perdesse espaço na equipe titular, que jogava num esquema sem centroavante fixo.

Deixado de lado, Abreu acertou seu empréstimo para disputar o Brasileiro pelo Figueirense. O atacante quase não entrou em campo e a equipe foi rebaixada. O único momento em que virou manchete em Santa Catarina foi quando beijou o escudo do Botafogo durante uma partida contra o Flamengo. No Rio, os alvinegros brilharam.

Quem lê esse blog sabe que Washington Sebastián Abreu Gallo já foi tema de várias crônicas. Essa provavelmente é a última para a tristeza de alguns e felicidades de outros.

Loco já tem seu nome gravado na história e no coração dos verdadeiros botafoguenses. É o maior ídolo desde Túlio Maravilha.

Uma pena que sua saída tenha se desenhado dessa forma. Nenhuma homenagem nem um agradecimento formal. Abreu nem se despediu no clube.

Enquanto isso, no Uruguai, num dia 13, mais de 3 mil pessoas foram ao estádio somente para receber o Loco mais famoso da América.

Seja feliz, Loco. Seremos eternamente gratos.