terça-feira, 30 de abril de 2013

Flash


Há dez anos, quase ninguém tinha uma câmera fotográfica. Hoje, quase toda família tem uma, seja no celular ou no tablet e sempre quer registrar "um momento especial".

Início de um show. Início de um grande evento. Flashes e mais flashes por todos os lados. Mas engana-se quem acha que eles foram disparados pela imprensa. Grande parte dos clicks é do próprio público.

Às vezes, nada de significativo está ocorrendo, mas as mãos ansiosas disparam o botão.

De forma instantânea, um registro é colocado nas redes sociais para mostrar que sim, você está ali, para quem quiser ver.

Quando se chega em casa, quase nada é aproveitado. Dezenas de imagens semelhantes, desfocadas e escuras esperam o dia que alguém terá vontade e paciência para organizá-las uma a uma. Enquanto isso não ocorre, ficam por aí.

A preocupação em registrar o momento é tanta que nos desacostumamos a ver com nossos próprios olhos. Só enxergamos pelo visor. E no final das contas, não aproveitamos e nos divertimos durante o espetáculo. Ficamos presos à tela.