sábado, 31 de agosto de 2013

Holofote


Em campo, ele era o único que não usava chuteiras coloridas. Tampouco usava uma camisa com um patrocinador pessoal debaixo do uniforme. Preferia a discrição.

Apesar de sua qualidade comprovada dentro das quatro linhas, dispensava o status de principal jogador do time. A camisa 10 de tantos ídolos foi substituída pela 8, "bem menos pesada".

Sua postura em campo também era diferente da maioria dos jogadores. Incansável, corria em dobro pela equipe, mas quase não aparecia para a torcida.

Não era artilheiro, mas também marcava de vez em quando. Só não gostava de comemorar em frente às câmeras da TV ou pedindo silêncio a torcida adversária.

Não tinha perfil nas redes sociais, não marcava "flagrantes" com os paparazzi e nem frequentava as casas de shows mais famosas da cidade.

Trabalhando de forma honesta, guardou um pouco do dinheiro para sua família. Preocupado com a preparação física, conseguiu prolongar os anos como atleta.

Verdade que alguns de seus colegas, nem tão talentosos assim, fizeram fama e carreira no exterior. Mas viram tudo desmoronar rapidamente.

Ao não se valorizar como devia, perdeu alguns bons contratos. Também não deu certo com os empresários que tentavam a todo custo vendê-lo para o exterior, valorizar o seu passe e lucrar em cima dele.

Ele era assim. Escolheu ser assim. O anti-marketing.

PS. Essa é uma história de ficção sobre um jogador de futebol. Mas poderia ser mais uma história da vida.

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